quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Posição: Sentido! Posição: Descansar!


Pois é, essa semana após longos e tortuosos meses de idas e voltas a quartéis do exército, finalmente parece fui dispensado do serviço militar, não sem antes passar por diversas filas quilométricas, das quais muitas vezes acordava de madrugada pra pegar(e só Deus sabe o quanto isso é sacrificante pra mim).

O serviço militar sempre me assustou desde pequeno, me chamem do que quiserem, mas eu não nasci pra passar horas em pé em longos treinamentos, tão menos pra austera disciplina que o exército me exigiria.

Talvez ninguém saiba, mas foi esse o motivo que me levou a largar o cursinho que já na quarta série fazia pra tentar ingressar no colégio militar: Medo da disciplina militaresca do colégio, e medo maior de se caso entrasse, ter que mais tarde servir(alguém na época me disse que estudar no colégio militar pesava na seleção do exército, não sei ate hoje se isso e verdade, mas na época fez sentido). De qualquer jeito não me arrependo de tal decisão.

Mas voltemos ao assunto principal: a seleção:


Primeira

Bem, no inicio estava certo que não queria servir, aliás é uma das primeiras coisas que perguntam da primeira vez que a gente vai lá, “quer servir? -Não”, e assim ficou marcado no meu primeiro certificado de reservista, que tive que tirar as pressas pra poder fazer minha matricula na faculdade.

Segunda

Da segunda vez, nos fizeram voltar lá apenas pra informar o dia do próximo exame, e também pra avisar que aqueles candidatos que já estavam matriculados no ensino superior concorreriam uma vaga diferente dos que ainda estavam no ensino médio. Foi aí que começaram a me iludir, alguem me falou que o salário era de quase R$3.000,00 e o trabalho era pouco, já que a patente era mais alta. Por incrível que pareça, eu cheguei a considerar a hipótese de servir, logo eu, que fugi até do colégio militar.

Terceira

Chegou então o dia do tal exame médico, na sala de espera distribuíram uma revista sobre como era o processo, além de crachás com números, com os quais passaram a nos chamar (tipo tropa de elite, “pede pra sair 02), não me recordo bem meu numero, penso que era 13, mas isso não tem importância. O importante é que na tal revista eu descobri que não era só entrar e sair ganhando 3.000.

Era uma turma grande, que ralava tanto quanto ou mais do que qualquer soldado raso, além de ter que continuar estudando, isso tudo durante um ano, e com uma ajuda de custo pífia, e no final depois de uma prova somente dois conseguiam o cargo e o salario, os outros todos que ralaram o ano inteiro, eram dispensados e se “fodiam” pra lá. Toda qualquer vontade de servir a pátria que um dia eu pudesse ter almejado, subitamente sumiu naquela hora.

Chamaram-nos então pro exame lá dentro, o general perguntou se alguem tinha algum problema que já queria retratar:”asma!” falou o menino do meu lado. “bronquite!” o outro. O medico perguntou se estavam ou já tinham feito tratamento, e com a negativa foram dispensados. Os candidatos que estavam de óculos também começaram a ser submetidos a um rápido exame de vista, quem mesmo com óculos passasse ia lá dentro com os outros tirar a roupa toda, pra junto com mais 25 pelados realizarmos o próximo exame(situação humilhante).

Vendo o menino da asma e o da bronquite sendo dispensados, resolvi arriscar falar sobre as minhas também irritantes “ites”, mas rinite e sinusite não foram consideradas suficientemente graves pra que eu levasse o mesmo rumo dos dois. Já estava indo pra dentro quando resolví relatar que tinha meio grau de miopia, (meio grau que mesmo meio grau me obriga a dirigir de óculos), eles então resolveram me submeter ao tal exame, e com um pouco de miopia, muito de sono, e zero de esforço pra conseguir, o resultado foi desastroso na hora de ler as letras de longe.

O milico ainda perguntou porque eu não estava de óculos, eu disse que era porque eu só tinha meio grau em cada vista, e ele disse que meu oftalmologista era doido e eu tava cego, mesmo assim mandou eu ir lá, e assim fui pra uma salinha onde os outros dois meninos esperavam o carimbo de dispensa, e mais um recibo que íamos ter que pagar. Estava feliz e aliviado, não ia ter que servir, e escapei do exame pelado. Acho que tive sorte, soube de gente que enxergava muito pior que eu, e continuou porque foi de óculos no dia.

Quarta

Mesmo dispensado, ainda não tinha acabado, tinha que voltar lá mais uma vez pra requerer o certificado definitivo, e da primeira ainda esqueci as fotos 3x4, e tive que retornar mais outra vez, quando me informaram o dia que ia ter que retornar pra pegar o certificado definitivo e fazer o juramento a bandeira.

Ultima:

Chegado o dia, mais uma vez eu madruguei e fui pra fila que já estava incrivelmente maior do que as ultimas vezes, e foi ficando cada vez maior. Acho que marcaram todos os dispensados pro mesmo dia, após um pouco mais de uma hora eu consegui entrar e assinar e marcar minha digital no tal certificado, mas me avisaram que só me entregariam depois do tal juramento a bandeira, que era em outro lugar ainda por cima, nos mandaram pra outra fila lá perto, quando veio alguem pra nos levar pro tal lugar, que eram uma quadra onde algumas crianças jogavam basquete.

Ainda tinha esperanças de serem feitas varias cerimônias,e pouco a pouco fossem entregando os certificados, mas conforme o tempo foi passando e mais gente ia chegando, eu me dei conta que ia ter que esperar TODO MUNDO pra poder fazer a tal cerimonia e receber o tal certificado.

Quando chegou 11 horas porém, mandaram todos que não tinham tido tempo de assinar, pra jurar a bandeira, e depois eles voltariam lá mais uma vez pra buscas o certificado, quem no entanto já tivesse assinado, receberia na hora, após a cerimônia, felizmente era um dos felizardos.

O General começou a organizar -nos em filas em que tínhamos por diversas vezes “formar” fazer “sentido” e “descansar”, ele não parava de repetir, e eu não entendia se mesmo dispensado tinha que continuar exaustivamente atendendo aos tais comandos, mas contando que seria a ultima vez, o fiz. Ensaiamos o tal juramento(que tínhamos que berrar), e em seguida o fizemos e cantamos o hino nacional.

Pra receber o certificado depois foi mais uma confusão, quem tinha que voltar pra fila no outro lugar, saiu correndo. E eu após um súbito esforço pra conseguir ouvir meu nome em meio a multidão de gente, recebi meu certificado de dispensa, que assim como fui obrigado a jurar, dizia que caso fosse chamado, deveria me apresentar imediatamente.

Assim se encerrou mais uma saga burocrática dos 18 anos de um homem,(depois dizem que ser mulher e que é difícil.) Agora é torcer pra não ter guerra tão cedo.


Ps: acho que esse post ficou grande demais, mas não tem problema, um dia alguem lê... ou não também

4 comentários:

  1. UAhuahuHUah
    Vai vendo...nem dá pra tentar entender tal burocracia.

    PS: ser mulher é difícil sim...se os homens passam por essa situação uma vez na vida, a mulher tem situações chatas por grande parte da sua vida (uma vez por mês, inclusive XD)

    PPS: não, eu não sou tão feminista, só acredito na igualdade....foi só pra brincar mesmo ^^

    PPPS: Sim, eu li o texto inteiro XD

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  2. Nossa.... alguma vantagem eu tinha que ter por ter nascido mulher... rsrsrs

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  3. Cara, você é sortudo. Me identifiquei com a afirmação de que outros que enxergavam pior do que você não foram dispensados, porque foram de óculos, hehe...

    Eu fui no quartel na quinta passada. Não fiz nada, pois não era voluntário a servir. Resultado? Só vou ficar sabendo se fui dispensado ou não no dia 13 de Janeiro. E com mais filas. ¬¬

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  4. Cara, uma merda esse alistamento né?!
    Quantas chateações, aborrecimentos e noites mal dormidas.
    Não sirvo para isso... não sirvo para eles... não sirvo para calar-me diante de tantas babaquices infundadas. Mesmo assim fiquei atracado por meses à essas filas. Um saco.
    Ótimo espaço rapaz
    Grande abraço calouro!

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